domingo, 9 de novembro de 2014

A Fórmula 1 perdeu a graça?

REPRODUÇÃO DA INTERNET

Um esporte que sempre achei besta é o automobilismo. Nem sei se isso pode ser chamado de esporte. Mesmo que exista uma exigência na destreza e na concentração, considero o automobilismo apenas uma competição. Está mais para um “esporte” corporativo. Sempre achei que um maratonista é muito mais atleta do que um piloto de automobilismo. 

Graças a Deus nunca me intoxiquei com a F1. Nunca vi graça em ficar mais de uma hora assistindo carros correndo. Sem contar o barulho. É tão empolgante quanto ver uma disputa entre Microsoft e Apple. Aahhhhhhhhhh! Dá sono. No entanto, mesmo não curtindo, costumo me informar superficialmente sobre as equipes e os pilotos.

Hoje acontecerá o Grande Prêmio do Brasil, no autódromo de Interlagos, perto da minha casa. Hamilton e seu colega de equipe, Rosberg, estão brigando pelo título deste ano. Mas há muito tempo escuto muita gente dizendo que “a Fórmula 1 está chata, não tem a mesma emoção de outros tempos”.

Na época do alemão Michael Schumacher, os comentários eram os mesmos. Para os brasileiros a Fórmula 1 não tinha mais graça e o Schumacher não tinha concorrentes a altura, o oposto de Ayrton Senna que disputava com vários rivais, como Allan Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet. A partir daí todo mundo já sabe. É comparação daqui, dali, acolá, quem é melhor, quem foi isso, quem foi aquilo e blábláblá.

Particularmente, acho difícil dizer qual foi o melhor piloto. Existiram grandes pilotos, em épocas muito diferentes, mas não devemos esquecer que o objetivo principal do automobilismo é medir a capacidade do carro. Qual carro é o melhor. Essa história de que piloto bom é aquele que ganha no braço é balela. Nenhum piloto foi campeão com um carro ruim, mas sim com um carro potente.

Se eu fosse uma fanática por Fórmula 1 certamente estaria irritada com o nível dos comentaristas da categoria. Galvão Bueno e companhia sempre fazem comentários idiotas e que qualquer leigo poderia fazer: “Se chover é bom pro Massa!”. Caramba bicho, o Felipe Massa é tão medíocre que precisa de uma ajudinha da natureza pra ganhar? O pior é que a maioria dos comentários gira em torno do clima, pouco se fala dos carros. Ninguém sabe dizer por que tal carro é melhor que o outro, o que ele tem de inteligente, como é a sua aerodinâmica e outros conceitos importantes da mecânica. Quem quiser estar por dentro do automobilismo tem que correr atrás de informações em sites especializados, principalmente de outros países.

Tempos atrás, li num blog, não lembro qual, que o brasileiro só gosta mesmo de futebol. Os outros esportes só interessam se houver algum competidor brasileiro bom e com chances de ser campeão. E estou de acordo. Quando o Guga estava no auge, o Brasil era o país do tênis. Quando Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna estavam vencendo e a seleção brasileira não ganhava a Copa do Mundo, o Brasil era o país da Fórmula 1. E por aí vai.

O fato é que a Fórmula 1 continua sendo o que sempre foi. O que mudou é que desde a morte de Ayrton Senna, nenhum piloto brasileiro emplacou na categoria. A Rede Globo tentou a todo custo colocar o PODRE do Rubens Barrichello no status de ídolo e não conseguiu. A mesma coisa aconteceu com o molenga do Felipe Massa. A Fórmula 1 perdeu a graça para o brasileiro, pois os pilotos compatriotas pararam de ganhar. Por isso, acho que o brasileiro nunca gostou verdadeiramente de automobilismo. Será que os brasileiros achariam chato, caso os sete títulos do Schumacher e os quatro títulos do Vettel fossem de brasileiros? Será que achariam isso sem graça? Hum, tenho certeza que não.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Minhas Férias

Meu escritório é na beira da lagoa

Hoje voltei ao trabalho e contei um pouco aos meus colegas sobre o que fiz em meu período de descanso no mês de outubro. O mais estranho é que agora num relance nostálgico resolvi escrever sobre as minhas férias, assim como fazia nos anos 90 quando voltava de férias junto com a garotada e a professora dava como tema de redação “Como foram as minhas férias”.

E confesso que para mim era um problema escrever esta redação porque todas as minhas férias eram iguais. Ficava com minha família, não viajava, brincava com minha irmã, meus vizinhos e assistia os meus programas preferidos da televisão (Chaves, Chapolin, programas da TV Cultura, desenhos, etc). Nada de emocionante.

Mas agora vou contar resumidamente sobre o que fiz em meu período de descanso. Minhas férias, pula uma linha, parágrafo.

Nessas férias, eu vi muitas coisas fantásticas e estranhas acontecendo. Primeiro eu e minha mãe decidimos viajar de ônibus de São Paulo para Bahia, atravessando todo o estado de Minas Gerais e curtindo a paisagem. E como Minas tem montanhas, meu Deus! Não é a toa que é o estado mais montanhoso do Brasil. Porém chega um momento que enjoa. Quando chegamos no estado da Bahia a paisagem mudou completamente. Terras planas e muitos cultivos.

Paisagem do agreste baiano

Após dois dias de viagem, parando em diversas cidades finalmente chegamos em nosso destino. A cidade de Olindina, no agreste baiano, na região nordeste do estado. Em Olindina vivem minha avó, meus primos e tios. Foram dias agradáveis com muito calor, suco de tamarindo, rede, silêncio, ociosidade, histórias e banhos de água fria.

Igreja Matriz

Esta cidade inicialmente desenvolveu-se em torno da capela construída pelo beato Antonio Conselheiro, nas terras do Mocambo. Esta capela foi demolida em 1961, para atender o novo projeto urbanístico da cidade, e construiu-se outra capela a poucos metros do antigo local. Tempos depois esta nova capela daria origem a atual Igreja Matriz.

Lampião e seu bando de cangaceiros também invadiram a cidade quando minha avó tinha apenas seis anos de idade. Ainda hoje a cidade é muito pacata, mas vi uma coisa que considero muito importante: fartura. Não vi miséria em lugar nenhum (diferente de cidades grandes como São Paulo e Salvador). Vi simplicidade sim, mas muita fartura e as pessoas vivendo bem.

Depois decidimos viajar para Salvador, a capital do estado. Sempre tive o sonho de conhecer a primeira capital do Brasil e uma das cidades mais antigas do país. E me apaixonava a cada passo que dava por São Salvador. Antes da viagem escutei e também li muita gente reclamar do abandono de patrimônios culturais da cidade, dos pontos turísticos, do mal cheiro e do lixo. Vi uma cidade com problemas sociais como qualquer outra cidade grande, mas por onde passei, vi obras e pontos turísticos ganhando muita atenção do governo local.

Barra, um dos bairros mais bonitos de Salvador


Nesta passagem pela Roma Negra (outro apelido de Salvador), conhecemos um taxista sossegado que nos mostrou os principais pontos turísticos. Como ficamos tanto tempo juntos, acabei conhecendo sua esposa, uma mulher com personalidade completamente oposta a sua, sendo ela toda avexada, falante e contadora de história.

Nesse passeio passei por muitos pontos turísticos lindíssimos como Elevador Lacerda, Mercado Modelo, a Basílica de Nosso Senhor do Bonfim, Pelourinho, Lagoa do Abaeté, praias (em especial Jardim de Alah) mas nada disso superou a beleza da Barra. A água, a luminosidade, o farol, o museu, a praia. Eu não queria sair daquele lugar!

O que é que a baiana tem?

Experimentei o famoso acarajé e me rendi diante de sua delícia. Infelizmente fiquei poucos dias, mas me senti muito feliz nessa cidade. Claro que haviam os vendedores de rua que queriam a todo momento me vender alguma coisa e me dar uma fitinha do Bonfim. Afinal de contas precisam vender e ganhar dinheiro. Me lembraram os "jineteros" de Havana, com as devidas proporções, lógico. Mas sempre tentei ser o mais educada possível em minhas recusas.

De modo geral, vi um povo muito sociável, que adora conversar (as pessoas param na rua para conversar no horário de trabalho... rsrsrs) simpático, todos me tratavam como "minina" e em todo momento me respeitaram, não escutei nenhum tipo de piadinha imbecil relacionada a minha origem paulistana. Infelizmente o mesmo não acontece com pessoas de outros estados que vem viver ou conhecer minha cidade.

Na volta, viemos de avião, minha primeira viagem do tipo. Embora tenha ficado muito tensa, relaxei e gostei da sensação de viajar de avião. Mas confesso que me senti mais aliviada quando coloquei meus pés em terra firme. rsrs

Na tranquilidade das minhas férias, totalmente desligada do meu trabalho, também aproveitei para ler. Levei na mala o livro "Almanaque do Samba" de André Diniz e lotei meu celular de sambas de diversas épocas e estilos para que a leitura se tornasse mais interessante. Ainda não terminei o livro, quero "degustá-lo" aos poucos, mas assim que eu finalizar a leitura farei um post especial a respeito.

Neste período de também vivenciei todo o clima político provocado pela eleição presidencial e aqui começam as coisas estranhas. Saí de São Paulo, uma cidade extremamente antipetista, para ir a uma região totalmente petista. Em Salvador, vi pessoas caminhando com adesivos da Dilma no peito (vi apenas um aecista). Todas as pessoas que eu conheci revelavam seu voto na presidenta e explicavam o motivo da escolha contando os sucessos que obtiveram no governo petista. O clima estava tão amigável que até eu andei pelas ruas de Salvador com um adesivo da candidata do PT. 

Voltando para São Paulo tudo mudou de figura, um clima mais tenso e mais aecistas no pedaço. Além disso o facebook andava uma enorme chatice com trilhões de postagens sobre Aécio e Dilma. Uns apoiando seus candidatos, outros criticando o adversário. Mas fiquei triste em ver tanta intolerância com a escolha alheia, com o festival de preconceitos escrotos, com tanta gente querendo ser "o dono da verdade e da moralidade". 

Para tentar aproveitar o resto de férias também fiz uma viagem rápida para São Vicente, a cidade mais antiga do Brasil. Passei um maravilhoso dia na praia de Itararé. No dia seguinte, finalmente fui visitar a exposição sobre o programa infantil Castelo Ra Tim Bum. Muitas memórias infantis foram ativadas e fiquei extremamente feliz em conhecer um pouco deste programa de televisão que me proporcionou muitos conhecimentos na infância.

Exposição do Castelo Ra Tim Bum
Minhas férias chegaram ao fim e com ela veio o pensamento de que a vida é preciosa demais para não darmos valor a ela. A correria do dia-a-dia maltrata demais nosso corpo e nossa mente. Por isso não vejo a hora que cheguem logo as minhas próximas férias.