sábado, 26 de setembro de 2015

70 anos de Gal Costa

REPRODUÇÃO DA INTERNET


Há 70 anos nasceu em Salvador, Maria da Graça Costa Penna Burgos, a famosa Gal Costa.

Meu nome é Gal (1969)


É até tolice comentar que Galzinha é uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. Reza a lenda que Elis Regina certa vez disse que no Brasil só haviam duas cantoras: ela e Gal Costa. Convenhamos, essa declaração é a cara da Elis Regina, né. rsrs

Cássia Eller, outra grande cantora em minha opinião, numa entrevista disse o seguinte: 
"A Bethânia marcou mais pela força da interpretação. Bethânia tem uma força única. A Elis Regina nem se fala. É uma das maiores cantoras que já ouvi na vida. A Gal Costa foi a primeira cantora moderna do Brasil. Com certeza abriu um caminho que, se não fosse ela, a gente estaria meio atrasada na forma de cantar."
Coração Vagabundo (1967) - Influências da Bossa Nova e de João Gilberto na forma de cantar


E assino embaixo. Muitos estudiosos citam Carmen Miranda como a primeira cantora moderna do Brasil. E de fato foi. Antes dela os cantores eram muito formais e ela apareceu com uma maneira mais leve de cantar. Gal Costa também trouxe outra transformação na forma de cantar das cantoras brasileiras. Até então o estilo mais sentimental e a voz empostada eram as principais características entre as cantoras nacionais. Gal sofreu influências da voz possante de Ângela Maria, dos agudos de Dalva de Oliveira, do jeito intimista de João Gilberto e da forma peculiar de cantar de Janis Joplin. Com tudo isso, o resultado foi uma cantora potente, versátil, mas ao mesmo tempo com uma interpretação graciosa e sofreada.

Gal Costa jopliana. Música do disco de 1969, seu álbum mais psicodélico. Quem curte música psicodélica vai adorar, Quem não curte, vale a pena escutar para entender as influências da época em sua maneira de cantar.


Bom, mas não estou aqui para fazer comparações entre cantoras, dizer quem foi melhor, quem foi isso ou aquilo. Aliás, como já havia dito no texto sobre Aretha Franklin, penso que não existe "a maior cantora brasileira". Acredito sim que, por algum motivo, determinada cantora toca mais o seu âmago, o seu estado de espírito, os seus sentimentos do que outra cantora. No meu caso, a cantora Gal Costa está entre as brasileiras que mais escuto. Uma voz de cristal, afinada, aguda e inigualável. Tecnicamente ela não perde para ninguém. Sua interpretação mais contida e sugestiva me encanta, assim como também a diversidade de ritmos presentes em seu repertório.

Vapor Barato de 1971. Aqui Gal consegue transformar uma música comum em uma das melhores interpretações da música brasileira.


A voz exótica de Gal Costa sempre me seduziu desde a infância. Lembro que quando escutei a canção "Vaca Profana" pela primeira vez, eu deveria ter uns 12, 13 anos de idade, minha reação foi: "O que é isso, meu deus! hahaha". Era um som muito louco para uma pré-adolescente acostumada a escutar sons mais açucarados. Hoje eu adoro essa música.

Gal cantando ao vivo Trem das Onze em 1973.

Destacando o que gosto de escutar, me encanta a fase sessentista e setentista da Gal Costa. Em minha opinião, Gal não tinha medo de inovar. Seus primeiros discos são realmente muito bons. Foi também nos anos 70 que Gal se mostrou mais intérprete do que uma cantora com uma voz potente. Neste período, Gal foi tudo: roqueira, jopliniana, tropicalista, desvairada, brejeira, melancólica.

Vaca Profana (1984)

Nos anos 80, Gal atingiu o auge de sua beleza e preferiu focar o lado técnico de sua voz, desistindo, muitas vezes, de ser intérprete. Mal que também acometeu a minha querida Aretha Franklin. Neste período, Gal gravou algumas boas canções, mas de modo geral foi uma década perdida, seus discos não tinham o mesmo charme de outrora. Ficou melosa demais. Dos anos 90 pra cá, infelizmente, Gal Costa perdeu o brilho. Não lembra nem de longe os seus melhores momentos. E confesso que desde então não tenho a mínima vontade de acompanhar sua carreira. 

Mas não quero acabar o post falando da minha desilusão com a Gal nas últimas décadas, mas sim relembrando o que esta mulher fez de melhor. Adoraria colocar 365 videos da minha "bonequinha chululu", mas sei que é impossível e seria extremamente cansativo. Fiquem com este último video e apreciem uma das mais belas vozes dentre as cantoras brasileiras.

Modinha bem brejeira. Se Sônia Braga é a Gabriela em carne e osso, Gal é a voz de Gabriela.



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